A nossa memória serve pra lembrar a gente do que é real. Não
necessariamente corpóreo, mas real. Real de um jeito que fica pregado, de um
jeito que a gente briga pra esquecer.
Como se faz pra esquecer o que é real? Como burlar a memória
até conseguir provar, de maneira muito errada, que aquilo que é real não criou
fortificações, não conquistou espaço e avançou lá pra dentro, naqueles lugares
que a gente tem medo de acessar pra não machucar?
A memória faz lembrar, mas ela não evita que a gente se
perca. Ou se ache.
Talvez dar uma passeada dentro de si seja bom, talvez isso
nos dê uma sensação de humanidade. Essa sensação de entrar em território
desconhecido, mesmo que esse território seja seu. Ou talvez nem seu seja. O que
é profundo e íntimo acaba sendo habitado por muitas coisas. E sempre há o medo.
Mas é lá dentro que a gente vence o medo. É lá que a memória
guarda os olhos que você imagina brilhando em todos os lugares e em todas as
coisas que nem olhos possuem. É no espaço desses lugares superlotados que você
se lembra de um toque e sente falta da sensação. É lá dentro que você sorri pra
si mesmo em busca de conforto, de carinho, de uma explicação pra tudo isso. E
sua memória te lembra.
É assim porque é real. Está marcado e pregado lá dentro.
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