Super-herói

Eu nunca conheci um super-herói, nunca sequer tive o vislumbre de um. Com certeza, não foi porque deixei de procurar, já que vivo olhando para os lados, para o alto, para baixo e para dentro de mim. Acontece que sou metódico demais, acho negligente quando esqueço de olhar para atravessar uma rua sem saída, nunca se sabe quando um veículo inesperado pode aparecer. Um veículo ou um super-herói, mas nem um nem outro apareceram. Nunca. Nem nas ruas sem saídas, nem lá em cima próximo das majestosas construções urbanas, nem saindo de algum buraco do chão, quebrando algum pedaço da calçada, também não encontrei nenhum super-herói dentro de mim. E essa é a parte mais frustrante.
Que desapontamento! Que desapontamento foi quando chegou a conformação! Uma hora, entretanto, consegui definir essa aceitação e cheguei a conclusão de que talvez seja a capacidade de aceitar o que não pode ser mudado. Mesmo que mude depois (ou não), certas coisas continuam funcionando em ritmo inexplicável. Não posso usar enzimas, catalisadores ou qualquer outra coisa para acelerar um processo que eu nem compreendo direito. Ao mesmo tempo, o pior medo é o de ser assombrado por essas coisas durante muito tempo, guardá-las sem possibilidade de reciclagem e sem ser capaz de desfazer-me delas.
Então, acho que ainda estou procurando pelo super-herói em mim, em alguém, em alguma coisa. Não falo de sentidos aguçados ou poderes sobre-humanos, não falo de grandes feitos e nem de uma identidade secreta. Falo de algo ou alguém que me ensine, algo ou alguém que seja capaz de abrir esse céu de dúvidas. Já disse que não quero sentidos aguçados, mas quero sentimentos aguçados.
Eu nunca conheci um super-herói, mas gostaria. Gostaria que eu fosse o meu próprio super-herói e também gostaria de me conhecer.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

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