Amargura

Hoje eu estava pensando sobre essa coleção de amarguras que a gente acaba adquirindo ao longo da vida. Mesmo sem notar, sempre deixamos de fazer algo por algum motivo e nos cobramos intensamente por isso durante muito tempo. Ficamos nessa pela eternidade, nessa de querer voltar e fazer diferente, de fazer o que não tivemos coragem, mas já é tarde demais. Tarde demais pra você mas nunca tarde demais pra amargura, na verdade, ela até fica feliz com isso. Que parasitismo egoísta! E o pior é que isso parte de nós mesmos. Nunca somos centrados o suficiente pra deixar tudo pra trás, parando de remoer o passado pra não cometer os mesmos equívocos no tortuoso presente. Mas que grande desespero, né? Como não cometer o mesmo erro se, outrora, não tivemos coragem?
E tudo isso porque essa força gravitacional nos obriga a continuar com os pés no chão. E vou dizer uma coisa pra vocês: É incrivelmente desgastante tentar voar um pouco, principalmente pra quem tem aerofobia. Eu, você, muita gente mesmo, voar dá medo. Não dá segurança, muito menos conforto. E daí? Voar dá liberdade, paixão, aventura, inovação e, gloriosamente, é disso que a gente precisa.
E esse tipo de sensação que nos tira da monotonia, também nos afasta daquelas perguntinhas que nós NUNCA queremos ouvir, pensar sobre ou fazer à nós mesmos. "Você está feliz?" "Como foi o seu dia?" "O que você pretende fazer no futuro?" E sabe por que nós nunca queremos ouvi-las? Porque nunca há o que responder! Não adianta ficar martirizando a incerteza porque ela sempre vai permanecer aqui, mas é muito necessário ter um cantinho pra arquivá-la, controlá-la e só senti-la quando for preciso. Tá tudo bem, sempre é bom sentir coisas e não adiante se culpar. Isso nos faz quem somos, nos faz humanos, dá sentido ao fato de se ter um cérebro e um coração que nem sempre concordam ou sintonizam.
Então é isso...eu estou feliz? Não sei! Não sei! Não sei! Só me deixa aqui pra viver, coisa que eu gosto muito (embora tenho aqueles dias horrendos em que a gente deseja nem ter nascido e isso é horrível, diga-se de passagem) e quero continuar fazendo durante bastante tempo. Tudo o que eu não quero é terminar com uma estante cheia de souvenirs provenientes da amargura, tendo que polí-los no meu dia-a-dia porque não tenho mais coragem de me livrar deles. Nem quero fazer terapia por ser um escravo da minha mente bagunçada e instável. Ah sim...aí sim quem sabe um dia, quando alguém me fizer uma daquelas perguntinhas desagradáveis, eu já não as ache tão desagradáveis e possa responder: "Sim, sim, sim, eu tô muito feliz! E você?"


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

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